Ultimamente estão circulando pela internet e pelas redes sociais imagens mostrando os "Retratos da violência obstétrica". No site da fotógrafa Carla Reiter as imagens nos mostram relatos de mulheres que durante o parto sofreram violência verbal e até mesmo física. Uma das imagens que mais choca o observador é esta logo abaixo:
A imagem acima mostra a cicatriz de um procedimento chamado episiotomia e que infelizmente segundo a médica Simone Diniz (Folha de São Paulo, 2003) é utilizado muitas vezes sem necessidade.
A episiotomia é um corte cirúrgico feito na lateral da vagina, na hora do parto, supostamente para facilitar a passagem do bebê. O bisturi corta músculos, nervos e vasos da vulva e da vagina, que
em seguida são costurados. Em geral, sem nenhuma anestesia. A figura abaixo ilustra o passo a passo deste procedimento:
Segundo Diniz, hospitais maternidades particulares, dirigidos por médicos que defendem o parto humanizado e condenam a episiotomia, apresentam um índice de mais de 40% desse procedimento. Já em muitos hospitais públicos, a porcentagem de episiotomia chega a 90%. A médica ainda afirma que a prática só é menos frequente nas maternidades privadas, devido ao alto número de cesáreas.
As consequências da episiotomia para a sexualidade feminina
A episiotomia trás diversas consequências negativas para a vida sexual da mulher e para compreendermos isso melhor é necessário entender um pouco mais sobre a anatomia feminina. Na imagem abaixo podemos visualizar os músculos que compõe a camada superficial do assoalho pélvico.

Enquanto os músculos da camada profunda do assoalho pélvico (puborretal, pubococcígeo e ileococcígeo) estão mais relacionados com a sustentação das vísceras e a contenção urinária e fecal os
músculos da camada superficial, isquiocavernoso e bulboesponjoso estão diretamente relacionados com a sexualidade. A contração voluntária que a mulher realiza nesta musculatura durante o ato
sexual intensifica o prazer.
Segundo Wafaer et al. (2007) citado por Fortunato et al. (2011), o músculo isquiocavernoso tem influência na função sexual, pois facilita a entrada de sangue nos corpos cavernoso do clitóris provocando sua ereção. Já o músculo bulboesponjoso, que origina-se na região anterior do ânus e se estende até o clitóris, desempenha a função de contração vaginal, ereção do clitóris e eliminação da secreção de glândulas mucosas durante o ato sexual.
Na imagem abaixo é possível ver que o músculo bulboesponjo é inervado pelo nervo posterior labial (um dos ramos do nervo do períneo) e irrigado pela artéria posterior labial:
Conhecendo a anatomia feminina é possível entender porque a episiotomia é tão prejudicial à sexualidade feminina.

O corte realizado neste procedimento lesiona o músculo bulboesponjoso, afetando assim a contração vaginal, ereção do clitóris e eliminação da secreção das glândulas mucosas durante o ato sexual. Além disso como foi visto na outra imagem, parte do nervo posterior labial será danificado provocando insensibilidade ou até mesmo dores na região.
Segundo Progianti, Araújo e Mouta (2006), a episiotomia evita que as mulheres vivenciem o parto como evento sexual, além de representar um ritual de mutilação genital que impede a vivência da sexualidade durante o parto e nascimento. Além disso mulheres entrevistadas por eles relataram que sua sexualidade foi atingida, pois passaram a sentir dor nas relações sexuais (dispaurenia). A seguir veremos alguns depoimentos de mulheres que passaram pela episiotomia:
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Os depoimentos mostram as consequências físicas e também psicológicas deste procedimento.
Como a terapia tântrica pode ajudar?
A dispareunia retira o prazer sexual da mulher e pode interferir na excitação sexual e no orgasmo. O medo da dor pode produzir ansiedade, tensão e afetar totalmente os reflexos que produzem a excitação. Em muitos casos a pessoa acaba evitando o ato sexual ou abstendo-se de todas as formas de contato sexual, com implicações até no retraimento das relações.

Na sessão de Terapia Tântrica Corporal e Genital são utilizadas técnicas em que o terapeuta sente e reconhece os sinais fisiológicos que o corpo comunica, reduzindo as tensões e conectando, pouco a pouco, os músculos sexuais com o prazer.
Dependendo da gravidade e da intensidade do problema, o “trauma”, arquivado pelo reflexo neuro-muscular no corpo da pessoa, vai se abrindo e sobrepondo a experiência traumática com novas informações relativas ao prazer e ao orgasmo.
Alguns casos são resolvidos em uma única sessão, enquanto outros necessitam de 3 a 10 sessões, passando por processos de reeducação sensorial.
Nos atendimentos, o terapeuta não confronta o sistema de defesa do corpo, pois isso somente reforça o trauma. Num trabalho complexo de reintegração da aceitação e do afeto, vai reorganizando as sensações fazendo com que o corpo se abra naturalmente, permitindo-se experimentar novos níveis de aprofundamento sensorial, sem armar as defesas que produziam a tensão e a dor que afetam o ato sexual.
Em poucas sessões a mulher é capaz de experimentar o prazer e readquirir a confiança necessária para viver a sua sexualidade plena.
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